A
USA Swimming, que controla a natação americana, resolveu proibir o que
chama de deck changing. Ou seja, não se pode mais trocar de roupa na
arquibancada ou em áreas comuns e públicas em um ginásio, piscina ou
complexo aquático.
É
uma prática comum no esporte, por mais que a entidade não seja a
primeira a proibi-la. E, que se diga, ninguém fica de fato pelado na
frente de ninguém. É a tal história de se posicionar a toalha da cintura
para baixo, para os homens, e em todo o tronco, para as mulheres, para
tirar ou colocar a sunga, o maiô, o biquini. São raros os "acidentes"
nesses casos, nos quais alguém mostra mais do que devia.
Profissionalmente falando, pelo menos.
Todo
mundo que já nadou de maneira um pouco mais competitiva, digamos assim,
já trocou de roupa nessa circunstância. A primeira vez é tão nervosa
quanto o momento no qual você sobe numa baliza. Sim, é mais prático e
rápido do que procurar um vestiário, por isso você acaba se trocando ali
mesmo. Se contorce daqui, se enverga dali, mas acaba concluindo a coisa
toda. Dá uma puxada a mais na sunga ou no maiô, acerta os cantos e sai
vestido.
Não
se ganha uma medalha por isso, mas bate um baita dum orgulho quando
você completa a sequência com sucesso pela primeira vez. Sei lá, o
sujeito se sente capaz de se trocar em público. Um dos momentos mais
íntimos de um ser humano, quando ele está despido, e faz isso na frente
de dezenas, centenas, quiçá milhares e milhões de pessoas, concluído sem
deslize. É um ato de destreza ímpar, há de se reconhecer. A Fina
deveria ter um prêmio para isso, "o melhor deck changing da temporada".
Entregar troféu e diploma, e o cara deveria discursar, depois, dizendo
como foi árduo o treinamento para conseguir fazer o que faz.
Todo
mundo que está do lado de um "deck changer" fica curioso. Tem gente que
torce para a toalha cair. Tem gente que vira o rosto, para não correr o
risco de ver o que não deve, o que não quer. Tem gente que conta a
experiência com entusiasmo para as outras pessoas, não é todo dia que se
quase presencia um nu completo de um desconhecido, um famoso, um
sei-lá-quem.
E
a USA Swimming resolveu banir esse ritual tão sagrado da natação
americana. Alguém estava sem fazer algo de útil, num determinado
momento, e criou a tal regra. Sem dizer, ainda, qual será a punição aos
desinibidos infratores, mas ai deles se resolverem tirar ou colocar a
roupa onde não devem, a partir de agora. Repreendidos serão, pois.
Americano é cheio de regra e gosta que elas sejam cumpridas. Quando isso
não acontece, alguém sempre aparece para restaurar a ordem, custe o que
custar.
E eu
chego à conclusão de que não deve estar acontecendo alguma coisa mais
interessante do que isso, nos últimos dias, na natação mundial para que o
tema desta coluna seja a proibição do deck changing nos Estados Unidos.
Teve o Desafio Raia Rápida, mais algumas aposentadorias, o fato de
Missy Franklin ter sido eleita a nadadora do ano também nos Estados
Unidos, algumas homenagens. Até Laure Manaudou e Frederick Bousquet
comemoraram cinco anos de relacionamento, e eu me ative à tal proibição
do deck changing.
Vai entender.
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